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No Brasil, os voluntários não podem ser remunerados. E para garantir a segurança do teste, voluntários assinam um termo de consentimento.

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Série de reportagens sobre os testes de vacinas e de remédios em seres humanos mostra que esses testes são importantíssimos, e que precisam de voluntários. Às vezes, dezenas. Às vezes, milhares.

Nesta terça-feira (19), você conhece as regras rígidas dessas pesquisas para garantir a segurança de quem participa:

Nara, de 47 anos, tem câncer de mama. Ela quer mais qualidade de vida.

"A gente tem que tentar as coisas, se a gente não tentar a gente não vai saber se vai dar certo.”, conta Nara.

Léa, de 27 anos, não tem nenhuma doença. Quer apenas ajudar. “Todo mundo pode precisar um dia”, diz Léa. As duas são voluntárias de testes de medicamentos no Brasil. Mas nem sempre é fácil encontrar pessoas dispostas.

“Talvez por falta de conhecimento ou então não entendam muito bem como a pesquisa funcione, né?”, diz Luana Sella, biomédica.

Estudo inovador usa um dos componentes da maconha
Por isso, a biomédica, que trabalha no hospital, se apresentou para participar de um estudo inovador e polêmico. O teste usa um dos componentes da maconha.

O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto é um centro de referência nos estudos sobre o canabidiol. Agora, lá, se faz um teste para saber se a substância pode melhorar a qualidade do sono dos voluntários.

“Nós fizemos um estudo sobre um transtorno específico chamado transtorno comportamental de sono - REM em pacientes com doença de Parkinson. E todos os pacientes que tomaram canabidiol melhoraram desse transtorno”, explica José Alexandre Crippa, neurocientista USP – Ribeirão Preto.

O pesquisador esclarece: não se pode confundir canabidiol com maconha.

“O canabidiol ele é 1 de 480 substâncias presentes na planta cannabis sativa. Então, a pessoa está recebendo um medicamento, isolado, ela não está fumando a maconha”, explica José Alexandre Crippa.

Termo de consentimento
Para garantir a segurança de um teste, os voluntários assinam um termo de consentimento, que explica os riscos e possíveis sintomas.

“É importante que o voluntário de pesquisa saiba que ele pode desistir de participar do estudo a qualquer momento, e se ele sofrer algum dano decorrente da pesquisa ele tem que ser indenizado, ele tem que receber uma reparação”, afirma o professor Mário Scheffer, Faculdade de Medicina da USP.

E tudo que acontece com o voluntário de uma pesquisa é acompanhado de perto. No Brasil, os voluntários não podem ser remunerados. O professor Mário Scheffer diz por que o pagamento é proibido.

“Pode induzir ou influenciar uma pessoa a participar do estudo. Em determinadas circunstâncias pode transformar a pesquisa clínica em um negócio”, explica o professor Mário Scheffer.

Remédios que evitam transmissão do vírus HIV de mãe para filho

Movida pela esperança, uma mulher, que não quer ser identificada, é voluntária em um teste de remédios que evitam a transmissão do vírus HIV de mãe para filho.

“Uma medicação desse comprido branco, dois do amarelo de manhã.”, orienta um médico.

Ela estava grávida, em 2012, quando descobriu que era portadora do HIV.

"O importante é eu seguir em frente o tratamento direitinho. Não paro nunca mais”, conta a mulher.

Até agora, nem ela, nem a filha desenvolveram Aids. Em uma pesquisa, os cientistas querem comprovar que é possível evitar a transmissão da doença dessa forma.

“A possibilidade das crianças adquirirem o HIV, quando a paciente segue todo esse roll de procedimentos, ela é muito inferior a 1%”, conta Conrado Milani, Hospital das Clínicas – Ribeirão Preto.

Pesquisa valiosa para brasileiros que sofrem do mal de Chagas
Uma pesquisa no Instituto Oswaldo Cruz, no Rio, é valiosa para milhares de brasileiros que sofrem do mal de Chagas.

A doença é transmitida pela picada de um inseto conhecido como barbeiro, ou por contágio na transfusão do sangue de pessoas contaminadas.

Talvez você já saiba que a castanha do Brasil, também conhecida como castanha do Pará, é muito rica em selênio, um mineral que ajuda a evitar doenças cardíacos, entre outras propriedades que ele tem. Agora, essa mesma riqueza da castanha está contida em pílulas de selênio, que estão sendo testadas em pacientes com doença de chagas que têm problemas cardíacos.

Uma das características do parasita é atacar as células cardíacas e provocar lesões.

“Nós estamos pegando o início da cardiopatia para ver justamente a capacidade de interromper essa progressão”, diz Tânia Jorge, pesquisadora Instituto Oswaldo Cruz.

Seu Antônio Clementino respira aliviado.

"Às vezes eu estava sentindo um pouco cansado, agora estou melhor. Trabalho bem, ando bem. Pra mim, está sendo bem melhor”, afirma Antônio Clementino.

“Antigamente a sociedade não conhecia esses procedimentos. Então ela condenava esse tipo de pesquisa. Mas atualmente nós vemos que é importante para entrada de novos medicamentos com segurança, eficácia e qualidade aprovada no nosso país e para o sistema de saúde do país”, afirma a médica Elisabete Moraes, Universidade Federal do Ceará.

Fonte: Jornal Nacional

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